Choro - Samba
O Choro nasceu no século XIX, por volta de 1870, através dos conjuntos de choro, tendo como formação principal a flauta, o cavaquinho e o violão, que além de executarem músicas instrumentais dos gêneros dançantes europeus como valsa, maxixe, polca, mazurca e o lundu africano, também acompanhavam cantores em modinhas da época.
Seus precursores foram o flautista carioca Joaquim Antônio da Silva Callado _ autor da maravilhosa polca "Flor Amorosa", considerada o marco do início das composições que hoje chamamos de Choro, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros, Catulo da Paixão Cearense, Heitor Villa Lobos e João Pernambuco.
A cidade do Rio de Janeiro, que se tornara a capital do Império, também passou a comportar uma leva de negros vindos de outras regiões do país, sobretudo da Bahia. Foi nesse contexto que nasceram os aglomerados em torno das religiões iorubás na região central da cidade, principalmente na região da Praça Onze, onde atuavam mães e pais de santo. Foi nessa ambiência que as primeiras rodas de samba apareceram, misturando-se os elementos do batuque africano com a polca e o maxixe.
Na capital carioca, entre cultos religiosos e festas profanas, a mãe de santo e também quituteira Tia Ciata acolheu o samba em seus braços, mais precisamente em sua casa, na Rua Visconde de Itaúna nº 117 (hoje Rua Camerino nº 05), que ficaria conhecida como a "Casa da Tia Ciata". Ela recebia convidados todos os finais de semana para pagodes, que eram festas dançantes, regadas a música e quitutes que ela mesma preparava. Cantava com autoridade, respondendo aos refrões, em festas que se arrastavam por vários dias. A casa de Tia Ciata era parada obrigatória, pois era a mais famosa e respeitada da comunidade. Entre seus frequentadores habituais, que incluíam Pixinguinha, Donga, Heitor dos Prazeres, João da Baiana, Sinhô e Mauro de Almeida e outros nasceu o samba.
Nas primeiras décadas do Século XX, a música popular brasileira começou a sofrer influências norte americana. Nessa época, Alfredo da Rocha Vianna Filho (Pixinguinha) torna-se conhecido por suas composições e seu estilo próprio de tocar flauta. Surge um derivado do choro instrumental, que passa a ganhar letra, tornando-se música cantada, sob o nome de Samba-Choro. Nessa mesma época surge também o Partido Alto, e é criado o primeiro samba, intitulado Pelo Telefone, de autoria de Ernesto dos Santos (Donga).
Os conjuntos de choro passam a utilizar instrumentos de percussão e são batizados de Choro ou Regionais de Choro. Além dos nomes já citados e outros ligados ao gênero do choro, tais como Zequinha de Abreu, Jacob do Bandolim e seu Conjunto Época de Ouro, Benedito Lacerda, Luperce Miranda, Abel Ferreira, Claudionor Cruz, K-Ximbinho, Altamiro Carrilho, Waldir Azevedo, muitos outros foram responsáveis pela construção de nossa música.
Variações surgiram no final da década de 20, começo da década de 30, como o Samba-Enredo. Nasciam assim o samba dos blocos de bairros e as escolas de samba, destacando-se os compositores Ismael Silva, Nilton Bastos, Cartola e Heitor dos Prazeres. Depois viriam o Samba-de-Breque, que atingiu toda a sua força cômica nas criações e interpretações de Moreira da Silva, e nas décadas de 30 e 40 o Samba-Canção, também conhecido como samba de meio do ano, representado por famosos compositores e intérpretes, como Noel Rosa, Ary Barroso, Lamartine Babo, Braguinha e Ataulfo Alves, Francisco Alves, Nelson Gonçalves e, já na virada para os anos 50, a "Sapoti", Angela Maria.
Entre as décadas de 40 e 50 o samba sofreu nova influência pelas orquestras americanas, surgindo assim o Samba de Gafieira, um ritmo instrumental adequado para danças de salão. Nesse mesmo período ressurgiu o Partido Alto, e com ele alguns compositores se destacaram, como Braguinha, Dorival Caymmi, Lúcio Alves, Herivelto Martins, Lupicínio Rodrigues e Wilson Batista.
No final da década de 50, o samba afastou-se ainda mais de suas raízes populares. A influência do Jazz aprofundou-se e foram absorvidas técnicas eruditas. Surgia a Bossa Nova. No samba surgia Elza Soares, com um estilo único de cantar, inovando no ritmo e introduzindo uma ambiência jazzística ao samba com sua voz grave e rouca.
A volta da tradicional batida do samba aconteceu no final da década de 60 e ao longo da década de 70, com os compositores Chico Buarque, Billy Blanco e Paulinho da Viola. Na década de 60 também surgiu um outro ritmo com características do Choro, o Pagode, que posteriormente viria a se dividir em vários sub-gêneros, culminando como fenômeno comercial nos anos 90.
Na década de 80, o Samba ganhou novas combinações através da nova geração de compositores, tais como o paulista Itamar Assumpção, que introduziu no Samba, em seu trabalho de cunho experimental, a batida do Funk e do Reggae.
Curiosidades
Como eram feitas as primeiras gravações
Essas curiosidades sobre a Música Popular Brasileira são fruto da parceria entre o Portal História da MPB e o Canal "Sincopado - Música e História", de Felipe Breier.
Felipe Breier é historiador, pesquisador e criador do canal.
Música deste video: Fita Amarela (Noel Rosa - 1932), Intérprete: Francisco Alves e Mário Reis. Canção integrante do Box "Noel Pela Primeira Vez" (Volume 3 CD 6 Faixa 1 - lançamento Funarte e Editora Velas - 2000).
A origem da ala das baianas
A Ala das Baianas das escolas de samba surgiu em homenagem à tia Ciata e outras quituteiras baianas (Tia Amélia - mãe de Donga, Tia Prisciliana - mãe de João de Baiana, Tia Veridiana - mãe de Chico da Baiana, e Tia Mônica - mãe de Pendengo e Carmen do Xibuca), que permitiam que sambistas se reunissem em suas casas quando a atividade ainda era proibida por lei.
Tia Ciata e Tia Josefa - Organizadoras de batucadas no RJ
No Rádio
Rádio Senado - Programa Curta Musical
Produção: Guilherme Miquelutti
Cartola apresenta pela primeira vez a música "As Rosas Não Falam"