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Música Erudita

A música erudita brasileira nasceu nas igrejas, com o Barroco mineiro e baiano, e prosseguiu como banda sinfônica e música de salão no século XIX.  O grande compositor do período, Carlos Gomes, foi um dos elos da evolução da ópera na Itália, e Leopoldo Miguez tinha fortes vínculos com a estética wagneriana. 

O nacionalismo se esboça com Alberto Nepomuceno e ganha força com Heitor Villa-Lobos, o mais representativo do modernismo.

Internacionalmente, a Música Clássica se divide em oito períodos:

Medieval e Renascentista,

Barroco,

Rococó,

Clássico,

Romântico,

Pós-romântico,

Moderno e

Contemporâneo.

Fonte: Artigo das Profs. Simone R. Martins e Margareth H. Imbroisi.

Medieval e Renascentista
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Pange lingua gloriosi-Santo Agostinho.mp

Medieval e Renascentista

Período extenso e marcado pela diversidade. No século 7, surge a monodia (uma única linha melódica) do canto gregoriano – monodia que, sob uma forma profana, também será usada pelos trovadores.

 

No século 12, com a Escola de Notre Dame (Paris), aparecem formas polifônicas (entrelaçamento de mais de uma melodia, nas quais Pérotin foi mestre.

O aperfeiçoamento dos instrumentos, as exigências litúrgicas e o surgimento de um mercado formado pela nobreza feudal e pela burguesia mercantil das cidades determinaram a expansão da polifonia, com importantes contribuições de Machaut, Du Fay e Palestrina.

Barroco
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Tocata e Fuga em Ré Menor-Johann Sebastian Bach

Barroco

Nenhuma escola musical possui analogias tão nítidas com as artes plásticas como o barroco: há o culto do ornamento, do arabesco – notas que enfeitam a melodia.

 

De Monteverdi a Johann Sebastian Bach, a música descobre a profusão dos sons simultâneos como meio de alcançar o belo. Como pano de fundo dos instrumentos que se revezam na narração melódica, surge o baixo contínuo (em geral o cravo).

 

A linguagem tonal se firma como sustentáculo da polifonia. Emergem novos gêneros musicais: oratório, cantata, sonata para teclado.

Rococó
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Concerto Flauta si bemol-Carl Philipp Em

Rococó

Na transição entre o barroco e o classicismo, entre 1740 e 1770, a música rococó ou galante é representada sobretudo pelas obras de Carl Philip Emanuel Bach.

Favorecida pelo ambiente da corte de Luís XV, seu ideal é a expressão artística da graça, frivolidade e elegância. O resultado, cuja artificialidade foi criticada posteriormente, captava as atitudes hedonistas e discretamente sentimentais da época.

Clássico
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Requiem Lacrimosa_ Mozart

Clássico

O classicismo surge em meados do século 18. Haydn passa a usar formas mais econômicas de expressão. Carl Philip Emanuel Bach (filho de Johann Sebastian) depura a sinfonia dos maneirismos. Gluck impõe o primado da música orquestral sobre as improvisações vocais da ópera napolitana.

Essas inovações serviram de base ao mais genial compositor do período, Wolfgang Amadeus Mozart.  Coube a ele levar a nova linguagem ao extremo.  

 

A exemplo de Bach com o barroco, Mozart foi ao mesmo tempo, para o classicismo, o mais representativo e o grande coveiro: para não repeti-lo, era preciso inventar outra coisa. Beethoven foi um dos que entenderam o recado.

Romântico
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Fantasia Improviso-Frédéric François Cho

Romântico

As regras clássicas de composição eram rígidas, e o compositor deveria obedecê-las. Os compositores românticos abandonaram essas fórmulas, pois queriam transportar para a música suas paixões e aflições, mas também seu nacionalismo e aspirações políticas.

O romantismo criou uma profusão de novas formas de expressão: o moderno sinfonismo que começa com Beethoven, o lied (canção) que se consolida com Schubert. A música torna-se uma mercadoria. No lugar dos pequenos conjuntos a serviço de igrejas ou aristocratas, surgem as orquestras e as companhias de ópera financiadas com a venda de ingressos ao público.

O compositor polonês Chopin inspirou-se em danças populares, despertando, com sua música, o amor patriótico e o sentimentalismo.  Uma das preocupações do alemão Beethoven foi tentar aproximar sua música do gosto popular e ampliar seu público.

Outros nomes importantes do romantismo são Liszt e Wagner.  Wagner destacou-se sobretudo por suas óperas.  Algumas de suas obras expressam um estranho fascínio pela morte.  É dele a frase:  “Mesmo quando a vida nos sorri, estamos a ponto de morrer”.  Nacionalismo, sentimentalismo e pessimismo são, pois, características do Romantismo.

Pós-romântico
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Bolero-Maurice Ravel

Pós-romântico

Não houve um pós-romantismo como há hoje um pós-modernismo. A designação engloba uma reação estética que procurou dar uma eloquência menos subjetivista à música, colocá-la num patamar superior de racionalidade, por meio de achados harmônicos mais ousados e de formas mais despojadas.

Em lugar de Bruckner, a orquestra sinfônica fala a linguagem de Claude Debussy e Maurice Ravel. A música perde em pretensão, mas ganha em simplicidade. A estética do Impressionismo na música rejeitou, em grande parte, o rigor e a precisão dos contornos melódicos e o desenvolvimento lógico da linguagem do tonalismo.

 

Em vez disso, procurou criar sonoridades delicadas e sofisticadas, que pudessem retratar os títulos das composições, que evocavam a água, a neblina e as nuvens, a noite e as fontes.

Moderno
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Sagração da Primavera-O Sacrifício-Igor

Moderno

Há pelo menos três correntes que nascem com o século.  De um lado, a Escola de Viena, que decreta o fim da linguagem tonal (o atonalismo de Shoenberg) e reinvidica uma organização revolucionária dos sons.

De outro, Bartok, Chostakovitch e Stravinski praticam uma amplificação das fronteiras do tonalismo e combinações instrumentais menos ortodoxas.

Há, por fim, um neoclassicismo em que Prokofiev e Stravinski prenunciam modos de apropriação que se tornariam típicos nas pós-modernidade.

Contemporâneo
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Struktur VII-Karlheinz Stockhausen

Contemporâneo

Olivier Messiaen tornou-se em 1942, professor de harmonia do Conservatório de Paris. Ainda nos anos 40 teria como alunos Boulez, Stockhausen e Berio.  O atonalismo, concluíram, tinha se esgotado.

 

Era preciso dar novos passos na lógica de organização dos sons. Surgiu uma vanguarda que forneceu à música um caráter permanentemente experimental. Chancelou a música eletroacústica e expandiu os limites da expressão.

Carlos Gomes
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“Era uma noite especial, aquela de 19 de março de 1870. Lotado, o Teatro Scala, de Milão, oferecia seus recursos cênicos e acústicos à interpretação de uma nova ópera, como se fazia em todas as temporadas. Esta, porém, intitulada II Guarany, surgia assinalada também por outro traço diferenciador: seu autor não tinha a nacionalidade italiana. Foi uma noite de consagração para o brasileiro Antônio Carlos Gomes, chamado ao proscênio cinco, dez, quinze vezes ao fim de cada ato, pelos aplausos frenéticos do público, que incluía mais de duzentos maestros-compositores”.

 

Comentário extraído do fascículo número 12, II Guarany, da Abril Cultural:

“As Grandes Óperas”

O Guarani - Abertura - Antonio Carlos Go

Carlos Gomes

Antônio Carlos Gomes, simplesmente Carlos Gomes, nasceu no dia 11 de julho de 1836, em Campinas, São Paulo.  Considerado o mais importante compositor operístico das Américas e reconhecido como um dos mestres das ópera romântica, Carlos Gomes iniciou seus estudos musicais, aos dez anos, sob a supervisão de seu pai.

Em 1860, mudou-se para o Rio de Janeiro e continuou os seus estudos no Conservatório de Música.  Em 1863, com o apoio do Imperador Pedro II, viajou para Itália, onde foi aprovado no exame final de composição no Conservatório de Milão, recebendo em 1866 o título de Maestro.  No ano de 1870 estreou no Teatro Scala de Milão sua obra mais conhecida, O Guarani – baseada no romance de José de Alencar.  Dez anos depois, retorna ao Brasil na excursão Lírica de Tomás Passini, visita o Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Belém.

Através da Companhia, encena Salvador Rosa, Fosca e O Guarani.  De volta a Europa, encena em Lisboa, em 1895, O Guarani e recebe das mãos do Rei de Portugal a Comenda de San Tiago.

Doente, deprimido e em dificuldades financeiras, compôs seu último trabalho, Colombo (obra encenada em 1892 no Teatro Lírico do Rio de Janeiro), que dedicou ao quarto centenário do descobrimento da América.  Em 1895, Carlos Gomes dirigiu O Guarani no Teatro São Carlos, em Lisboa (cidade em que foi condecorado pelo rei Carlos I) e recebeu convites para dirigir a Escola de Música de Veneza.  No mesmo ano, bastante doente, volta ao Brasil para ocupar a diretoria do Conservatório de Música de Belém, no Pará, cargo criado pelo governador Lauro Sodré para ajudá-lo.  Carlos Gomes morreu em 16 de setembro de 1896.

Heitor Villa-Lobos
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Bachiana Brasileira nº5_por Bidu Sayão -

Heitor Villa-Lobos

Heitor Villa-Lobos, simplesmente Villa-Lobos, nasceu no dia 5 de março de 1887, numa casa da Rua Ipiranga, no bairro das Laranjeiras, na cidade do Rio de Janeiro.  Villa-Lobos foi o fundador e o primeiro presidente da Academia Brasileira de Música. Considerado um dos maiores compositores brasileiros, e condecorado em vários países, Villa-Lobos expressou o nacionalismo em sua obra através da combinação de temas folclóricos e formas clássicas. 

 

Foi seu pai, Sr. Raul, quem o incentivou e o ensinou teoria musical, além de violoncelo e clarinete. Ao conhecer e viver com os grandes artistas populares como Catulo da Paixão Cearense, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros, João Pernambuco e outros, Villa-Lobos deixou-se cativar pela música popular da época, mas a reação de seus pais não lhe foi favorável.

Sua paixão por essa música o levou a aprender às escondidas o violão – instrumento que na época sofria forte preconceito, sendo associado à marginalidade.  Com a morte do seu pai, em 1899, Villa-Lobos passou a tocar violoncelo profissionalmente em teatros, cafés e bailes, abandonando o estudo da música formal.

Ao frequentar as rodas de Choro no “Cavaquinho de Ouro” (bar localizado à Rua da Carioca), Villa-Lobos já prenunciava os fortes traços pessoais que o distinguiriam no futuro, introduzindo em suas atuações uma linguagem própria, que era considerada pelos colegas Chorões como difícil, o que veio a associar a figura própria de Villa-Lobos ao violão clássico no meio dos Chorões,  Dos 18 aos 20 anos, leva uma vida errante e aventureira, viajando pelo Norte, Centro e Sul do país, pesquisando seu folclore, tocando, compondo e familiarizando-se com a música popular.

Villa-Lobos entra em contato com uma música diferente da que estava acostumado a ouvir: modas caipiras, tocadores de viola e outros tipos, que mais tarde viriam a universalizar-se através de suas obras.  Compôs cerca de 1.000 obras e foi um dos principais responsáveis pela reformulação do conceito brasileiro de nacionalismo musical.  Heitor Villa-Lobos foi um dos grandes responsáveis pela divulgação da música brasileira, muito antes do samba e da Bossa Nova.

O Trenzinho do Caipira, uma inspiração das viagens de trem pelo interior do Brasil, foi composta em 1931.  E sua melodia mais popular é a ária da Bachiana Brasileira n° 5 – nitidamente inspirada nas serestas, tendo sido composta em 1938.  Villa-Lobos nos deixou no dia 17 de novembro de 1959, vítima de câncer.

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